Queijo Fresco, Pão e Pimenta da Terra
O queijo fresco dos Açores, também conhecido como queijo branco, pode ter origem no leite de vaca ou leite de cabra. Está enraizado na cultura local e devido à grande procura, após gerações e gerações de produção artesanal, algumas empresas locais especializaram-se em produção de queijo fresco para o mercado. Esta iguaria é consumida no dia a dia das familias açorianas e como entrada em muitos dos restaurantes das nove ilhas do arquipélago com pão caseiro e pimenta da terra a acompanhar.
O Queijo Fresco
A história do Queijo Fresco dos Açores embalado em folhas de conteira está intrinsecamente ligada às vacas e cabras felizes que pastam nas belas ilhas dos Açores. Estes animais são criados em condições ideais, alimentando-se de pastagens verdes e exuberantes, o que resulta em leite de alta qualidade.
O processo começa com a ordenha, geralmente realizada pela manhã para garantir a frescura do leite. Após a ordenha, o leite é tratado e preparado, incluindo a coagulação que é frequentemente alcançada por meio da fermentação láctica.
O queijo é então moldado em formas tradicionais, frequentemente em cilindros baixos. Uma característica distintiva deste queijo é a embalagem em folhas de conteira e dão um sabor especial ao queijo.
Após a embalagem, o queijo é deixado para maturar, desenvolvendo o sabor característico ao longo do tempo.
O resultado final é um Queijo Fresco dos Açores com um caráter único, que reflete não apenas a qualidade do leite açoriano, mas também a tradição e o cuidado dedicados ao processo de produção. Este queijo é uma parte essencial da cultura gastronômica dos Açores e é apreciado pela autenticidade e sabor distintivo.
Origem da Prática:
A embalagem de queijos frescos em folhas de conteira, uma planta invasora que cresce abundantemente nos Açores, é uma prática que remonta a tempos antigos.
Os agricultores e produtores de queijo costumavam usar essas folhas como uma alternativa natural às embalagens modernas, como plástico, que não estavam disponíveis na época.
Benefícios da Conteira:
A conteira era escolhida devido às suas propriedades naturais. Ela é resistente e flexível, o que a torna ideal para embrulhar queijos sem danificar. Além disso, as folhas de conteira são biodegradáveis, tornando essa prática sustentável e amiga do ambiente.
Tradição Preservada:
Embora as embalagens modernas tenham substituído em grande parte a folha de conteira na indústria de alimentos, ainda é possível encontrar produtores artesanais que preservam essa tradição. Muitos desses queijos embalados em folhas de conteira são considerados iguarias locais e são apreciados pelo sabor e autenticidade.
Essa prática é um exemplo de como a cultura e a tradição alimentar dos Açores se adaptaram ao longo do tempo, incorporando elementos naturais da região em seus processos de produção.
É uma parte importante da história gastronômica e cultural das ilhas açorianas.
O Pão Caseiro
O Pão Caseiro dos Açores é uma iguaria que tem conquistado corações ao longo dos anos. Composto por ingredientes simples, como a Farinha de Trigo, o Fermento, a Água e o Sal, este pão ganha vida nos tradicionais fornos de lenha das Padarias e Casas dos Açores.
A sua simplicidade é o segredo do seu encanto. A Farinha de Trigo de qualidade é misturada com Fermento, que dá origem à massa que irá crescer e ganhar a sua textura característica. A Água e o Sal são adicionados para dar sabor e equilíbrio à receita.
No entanto, o verdadeiro toque mágico acontece nos fornos de lenha das Padarias dos Açores. O calor intenso do forno de lenha cozinha o pão lentamente, criando uma crosta estaladiça e um miolo macio. O aroma que se espalha enquanto o pão assa é irresistível, despertando o apetite de todos à sua volta.
Este Pão Caseiro dos Açores é muito mais do que uma simples iguaria. É uma representação viva da tradição e do amor pela gastronomia local. Cada mordida é uma viagem à cultura e às raízes dos Açores, e é uma experiência que vale a pena ser partilhada com amigos e familiares.
A Pimenta da Terra
A Pimenta da Terra dos Açores é um produto regional delicioso e versátil que tornou-se indispensável nas cozinhas locais. Pode ser usada para temperar uma variedade de pratos e tem o nível certo de picante. É uma das especiarias açorianas que não pode deixar de provar ao visitar qualquer uma das ilhas dos Açores. Além de ser usada como tempero, também é um elemento típico das entradas açorianas, como nas Lapas dos Açores.
Existem diferentes variedades deste produto, com variações no nível de picante. É uma tradição açoriana que vale a pena descobrir, seja procurando-a no mercado ou fazendo a sua própria em casa para apreciar o seu sabor único.
Se ainda não teve a oportunidade de a experimentar, recomendamos vivamente.
A História
A história da Pasta de Pimenta remonta aos tempos dos Descobrimentos e das rotas comerciais de especiarias, quando a malagueta dos Açores era uma valiosa moeda de troca.
Para além da malagueta, outras variedades populares incluem a Corno-de-Cabra e a Pimenta da Terra. A utilização da Pasta de Pimenta generalizou-se a partir do século XVI.
Um naturalista açoriano do século XIV, Francisco Arruda Furtado, mencionou que a Pasta de Pimenta era um condimento indispensável para o povo açoriano, especialmente para os habitantes de São Miguel. Era usada para temperar diversos pratos e até mesmo consumida com pão de milho, que era a base da alimentação do povo. A pimenta também era utilizada em caldos de couves.
A Pimenta Moída, também conhecida como Pimenta Vermelha ou Pimenta da Terra em São Miguel, é obtida a partir do esmagamento de pimentos da espécie Capsicum sp., conhecida como malagueta, originários da América Central. Existem várias variedades de pimentas cultivadas nos Açores, cada uma com as suas características distintas.
Como é o processo de criar a Pimenta da Terra?
A Pimenta da Terra é obtida através de um processo artesanal, onde as malaguetas são moídas após a remoção das sementes. Posteriormente, a massa resultante é colocada em salgadeiras de barro por algum tempo.
A Pimenta Moída é versátil e pode ser usada ao longo do ano em guisados, fritos, sopas, requeijão, queijos frescos, aperitivos e até mesmo em enchidos de porco, como morcelas, chouriços e linguiça. Pode ser também usada para realçar o sabor de peixes assados no forno e é ótima quando barrada em pão de milho.
Nos restaurantes, é comum servir a Pimenta da Terra junto com queijo branco (queijo fresco), criando um agradável contraste de sabores. Além do seu sabor único, é importante mencionar que a malagueta é uma boa fonte de vitamina C e A, além de ser rica em fibras.
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Ingredientes
2 litros de leite de vaca puro (não pode ser leite de pacote);
40 gotas de coalho líquido (20 gotas por cada litro).
Preparação
1- Aqueça o leite em uma panela em fogo médio até que comece a aquecer, mas evite ferver.
2- Adicione o coalho líquido ao leite e mexa suavemente para distribuir bem.
3- Deixe a mistura repousar em temperatura ambiente por cerca de 4 a 6 horas. Durante esse tempo, o leite irá coagular e formar coalhada.
4- Após a coalhada estar formada, corte-a em pedaços pequenos com uma faca.
5- Use uma peneira ou um pano de musselina limpo para escorrer o soro, separando o queijo da parte líquida.
6- Se desejar, adicione uma pitada de sal a gosto ao queijo fresco.
Esta é a receita tradicional de Queijo Fresco dos Açores, conhecido por sua textura cremosa e sabor suave. É uma iguaria versátil que pode ser consumida de várias maneiras.
Marca Pimenta da Terra
Da fértil terra açoriana cresce uma pimenta diferente.
Uma pimenta tosca, que nem é bem pimento, nem bem malagueta.
Uma pimenta que há séculos faz parte da alimentação açoriana, da alimentação micaelense.
A Pimenta da Terra.
Que agora cresce e se transforma, libertando-se das amarras da tradição, abraçando novos desafios, novas utilizações, novos sabores. Uma pimenta que se reinventa e se adapta aos tempos modernos. À nova culinária. Aos novos palatos.
Uma pimenta da terra que vem para temperar as nossas vidas.